A maldição dos Albertos desse mundo.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Alberto tinha uma vida feliz, na escola adorava estudar, sempre ia bem nas provas. Quando chegou no ensino médio viu que tinha um certo talento para escrever, sempre se dava bem nas suas provas de redação. Começou a achar que tinha um dom e que era realmente aquilo que queria, e que seria rico e feliz com isso. Pesquisou e pesquisou sobre as mais diversas profissões e, por fim, escolheu ser escritor. Era realmente aquilo que queria. Seus olhos brilhavam quando pensava em escrever, todos diziam que escrevia muito bem. Ele estava realmente convicto de que era aquilo que queria.

Alberto não sabia no que estava se metendo.

De todas as profissões existentes, a de escritor pode ser talvez a mais perigosa, o fator M. está espreitando as salas de redações todos os dias, procurando por editores, cronistas, jornalistas, escritores indefesos, para espalhar o seu mal sobre suas cabecinhas e provavelmente tirar seus empregos com a pior das maldições para um escritor: A falta de idéias. Sim, a falta de idéias pode ser crucial, e determinar o futuro da sua vida:

- Preciso de um artigo sobre o que se passa nas ilhas Sandwich para daqui a uma hora. Se não tiver isso em mãos, dê adeus para seu emprego e suas férias de um ano em Londres.

Sim, você ia para Londres, no verão escaldante subtropical do nosso país, com a sau família. Suas crianças iam se divertir horrores com aqueles guardas que não se mexem - sinceramente, até eu tiraria umas fotos com eles - e sua esposa não ia lhe trair com aquele ricardão da esquina. Agora suas crianças brigam pelo Joystick do videogame, seu ventilador não dá conta do recado no seu apartamento pré mobiliado de dois dormitórios e sua mulher lhe colocou chifres homéricos, a ponto de toda a gurizada do bar comentar.

E há muito outros problemas, que mesmo menos importantes que a falta de idéias, não deixam de ser relevantes:

- Caligrafia: Hã? Como assim urubucervar as namorida? Escreva isso direito!

- Falta de papel/tinta na impressora: O que você está fazendo com este disquete na mão? acha que eu tenho todo o tempo do mundo?

- Manada de touros/monstros ambulantes correm pela sala gritando "mamãe, estou maluco": Tudo bem, isto foi uma crise de trashlândia.

Quando muitos escritores se unem, o local pode vir a ser hostil. Todos guardam suas idéias nos lugares mais profundos de suas mentes, para evitarem um tipo de roubo de idéias, afinal de contas, não há nada pior para um escritor fanático do que ser humilhado por outro escritor fanático, é algo como um fla-flu, ou um grenal, quem ganhar leva tudo:

- Gnus transando em um transatlântico? COMO ASSIM? Essa idéia era minha!

Ser escritor ao mesmo tempo que é uma profissão, não é uma profissão, porque você pode acordar no meio da madrugada com aquela idéia tão genial que esperava há tempos, no inverno, e correr para algum lugar, de samba canção e pantufas, para escrever desesperadamente a idéia genial. O problema é que muitas vezes as pessoas demoram demais para correrem na madrugada e escrever:

- Como era mesmo? Beethoven e um cactus... ou era uma macieira? AH, DROGA!

Sim ser um escritor, seja cronista, romantista, contista ou o que for é uma profissão muito perigosa, e exige muita preparação mental e física, além de resistência e entrosamento com Murphy. Então não faça como Alberto, tenha cuidado e prepare-se para um mundo hostil recheado de falta de criatividade em momentos de aperto e papel rabiscado e esmagado pelo chão...

Nenhum comentário:

Curtiu? Vê esses também.