Cabeça.

quinta-feira, 15 de maio de 2008


Cesar, mais conhecido por sua família como cabeça, por ter realmente um cabeção era um menino prodígio. Aos cinco anos já fazia cáluclos de multiplicação simples. Com seus 7 aninhos começou a escrever, fazendo versinhos. Escrevia versinhos sem parar, parecia viciado nisso. Em pouco mais de quatro meses tinha um caderno 200 folhas lotado de poesias escritas com caneta bic. Aos 13 aninhos, cabeça fez seu primeiro recital, já tinha escrito quase 500 poesias. Todos os seus amigos adoraram, e o acharam o máximo. Com isso, o primeiro e maior dos problemas de cabeça teve início: o egocentrismo.

Aos 14 anos se considerava o melhor aluno da sala e o melhor poeta da escola. Aos 15 já era o melhor poeta da cidade, além de o melhor aluno da escola, com seus versos que denominava "uma ponte complicada entre romantismo e modernismo". Aos 16 resolveu largar a escola e prestou vestibular. Passou, fez duas semanas de faculdade e desistiu, pois afirmava saber mais do que os próprios professores.

Aos 17 já havia perdido todos os amigos e mulheres que conquistara, ninguém estava à altura para ele. Começou a trabalhar em um livro. Já pensava na capa: Príncipe da poesia em seu primeiro livro. Publicou, mas deu um jeito de tirar de todas as livrarias, pois, para ele, o povo ainda não estava pronto para literatura desta magnitude.

Aos 20, sustentado pelos pais, cabeça parou de: ir ao supermercado, ver TV, comer carne e usar o mesmo banheiro que seus pais. Pintou sua própria face na parede e ficava a usar de inspiração para escrever suas poesias.

Aos 25 perdeu os pais. Chorou muito, afinal de contas, não teria mais ninguém para o idolatrar dentro de casa. Cabeça começou a reparar que teria de se misturar com "aquela gente" da rua para poder comprar comidas. Tentou fazer aproximações. Fez uma experiência. Não sabia se ia dar certo, pois não a fez com humanos de verdade, apenas com ratos de laboratório. Ele mesmo se tratou, pois estava convicto de que faria um trabalho melhor do que qualquer médico.

Saiu na rua pela primeira vez. Foi ao supermercado. Entregou o dinheiro com uma pinça, não queria tocar em pessoas impuras, nem mesmo Deus estava à sua altura. Usou uma mão biônica do Gugu para apertar os botões do elevador, não queria se contaminar. E assim cabeça continua até hoje, conseguiu evoluir, já divide bancos com outras pessoas no ônibus, ao invés de ocupar dois bancos só para não ter que sentar com alguém. Na verdade, ele está apenas fazendo isto para disfarce, esperando para por em prática seu plano para dominar o mundo, afinal de contas, ele era perfeito e ninguém poderia pará-lo...

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