O milho, a madrugada e o destino

sexta-feira, 2 de maio de 2008


Era madrugada, apenas mais uma madrugada de sexta feira como todas as outras. Estava fazendo uma das minhas atividades rotineiras: fazer coisa nenhuma à frente do centro de entreterimento (vulgo computador). A madrugada fluía ao som de Led Zeppelin em um clima de outono: nem frio nem quente, o que sempre me deixa na dúvida de que roupa vestir, ao ponto de acabar agasalhado com ventilador ligado.

Eu havia jantado há um bom tempo, mas havia jantado pouco. Isso contribuiu para que a fome viesse com tudo na madrugada. Me levantei da cadeira para ir até a cozinha. Mal sabia que a partir daquele momento meu destino havia sido selado... por Murphy:

Abri todos os armários e despensas. Não havia nada comestível além de uma massa de quatro ou cinco dias. "Massa? Bleergh!" foi meu pensamento no momento. Havia uma última esperança: uma lata de milho em conserva. Meu coraçãozinho enxeu-se de alegria e felicidade, eu ia - parcialmente - matar a minha fome e voltar a fazer coisa nenhuma na frente do centro de entreterimento. Olhei para o lado e vi pendurado na parede o instrumento do meu sofrimento, vulgo ABRIDOR DE LATAS.

Nasci uma criança que era chamada de sinistra, agora conhecida como canhota, e já havia lido sobre casos em que pessoas tiveram sérios problemas para abrir latas pelo fato de serem canhotas. Não liguei, achei bobagem e fui em frente. Peguei o abridor e tentei fazer aquilo que via os adultos fazeremcom facilidade quando era mais novo. Falhei miseravelmente. Será que meu destino envolvia a massa velha? Não podia ser, não podia acreditar.

Voltei para o computador ainda com o estômago roncando. Tentei me ocupar, fazer alguma coisa, conversar com amigos, ouvir músicas, mas nada parecia adiantar, meu estômago sonhava com aquela lata de milho. Depois de algum tempo tentando iludir a mim mesmo que não precisava da tão sonhada lata, voltei para cozinha, mas desta vez com uma determinação divina. Pedi às entidades superiores de todas as formas:

Suplicante: Olha, por favor, me ajude a abrir esta lata.
Brabo: Se tu não me ajudar, não rezo mais a oração do anjinho da guarda!
Usando psicologia inversa: Eu sei que tu não vai me ajudar, eu duvidava mesmo.
Carismático: Olha, eu sei que tu precisa de mais um fiél, e eu preciso dessa lata de milho. Vamos dar um jeito?

Mas nada adiantava. Resolvi que a habilidade não era o necessário, apostei na força. Posicionei o instrumento de tortura (ou abridor, se preferir) bem no meio da lata, e dei um soco onde depositei todas as minhas esperanças. Não acreditei que consegui ao menos furá-la! Já era um enorme avanço. A partir daí peguei uma faca e fui moldando um corte muito mal feito, que mal foi suficiente para tirar o suco do milho. Passei uma meira hora tentando abrir a lata. Encorporei todos os brutamontes em corpo e alma para abrir aquilo: Hulk, Venom, Frankenstein, Rei Arthur e Bafo-de-Onça.

Consegui! Meus olhos brilharam, dessa vez com alegria plena. Eu ia comer o maldito milho e ia matar minha fome. Despejei o milho, que saiu com dificuldade, em um copo, e "mandei brasa".

Acabei morrendo de fome. Tive que pegar dinheiro e sair na madrugada à uma lojinha de conveniência para comprar um pacote de biscoito Trakinas. Ao menos a fome era um problema que não incomodava mais...

2 comentários:

Anônimo disse...

tão mais fácil tu ter furado a lata no canto e usar uma faca para expandir o rasgo...

esqueci de te falar isso aquele dia. xD

Anônimo disse...

KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
RIO DEMAIS! ADORO!

bruna de brasilia

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