Vozes gostosas

terça-feira, 22 de abril de 2008


Eu tenho uma mente bem sem sentido, e adoro pensar coisas sem sentido, mas acho que nos últimos tempos consegui atingir o ápice dos meus pensamentos sem sentido. Me diga, leitor, você já pensou em literalmente comer a voz das pessoas? Não, estou escrevendo isto do meu quarto, e não de uma sala com estofamento branco no lugar de paredes. Mas você nunca pensou como as vozes das pessoas são gostosas? O prazer de comer e o prazer de ouvir são tão semelhantes que pode-se dizer que a voz do Raul Seixas é um prato com arroz, batatas fritas e ovo. Algo para se comer sem educação, simplesmente meter goela abaixo.

A maioria das vozes do rock and roll brasileiro são um prato de A la minuta. A bossa nova já evolui para um belo filé a parmegiana, com carne de primeira, claro, ou você acha que este prato foi para o exterior por causa do molho? Francamente. Chico Buarque é a melhor parte do boi. Um ritual se faz necessário antes de matar o boi.

- Este boi vai para quem?
- Chico Buarque.
- Uia! Faz direito, hein! Da última vez a gente pegou um pedaço bom demais pro Zezé de Camargo e tu viu no que deu.

No rock and roll internacional, as vozes são fast food. São engolidas rapidamente e gostosas. Ozzy Osbourne é um pão com ovo. A única exceção é Robert Plant. É uma voz para se comer com oito talheres. Todas as mesuras devem ser feitas corretamente para se comer um Robert Plant. Normalmente, antes de comer um Robert, as pessoas costumam degustar Chico Buarque ao molho David Gilmour.

A cozinha japonesa é realmente estranha, assim como as vozes dos seus representantes. São comidas fortes, que a gente coloca na boca e sente apenas uma geléia pastosa. No final, sentimos um gosto terrível e forte. É realmente desagradável comer algum artista japonês. Eu troco por um pouco de Cássia Eller, afinal de contas, ela também tem um gosto forte. Pena que as árvores de Cássia já secaram pelo mundo.

O metal é uma coisa que ninguém entende. É cheio de frescuras e porcarias totalmente despensáveis, poderia simplesmente vir em um prato Rock and Roll, mas os maiores gourmets da cozinha "metaleira" afirmam que é necessário um bom olho para entender aquele tipo de comida, só para gargantas refinadas. Seguidamente há brigas entre diferentes fãs da cozinha do metal. Uma das mais famosas é Paul Dianno ao molho com Bruce Dickinson a passarinho.

De todas as cozinhas, a mais complicada e difícil é a francesa. Deve-se comer uma Mireille Mathieu com 16 talheres. Cada parte da voz dela tem um gosto diferente, o que pode não agradar a todos. Édith Piaf dá uma azia tremenda, só experimentem se tiverem ENO. O mais tranqüilo de comer é Jacques Dutronc, tem um gosto de rock brasileiro, mas não se engane, só lembra.

O final mais óbvio para esta crônica é eu dizer que depois disso fiquei com fome. Na verdade estou com fome desde o começo dela. Eu tenho outras coisas para fazer além de ficar divagando sobre a voz dos artistas. Um abraço, pessoal.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Caralho Thiago, você me ignorou naquela porra de Orkut e me bloqueou no MSN?

Eu te odeio, meu velho.
Mas quero te perguntar algumas coisas.
Vê se deixa de me odiar por uns dez minutos e aparece.

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