A convenção

domingo, 13 de abril de 2008

Todos os escritores famosos, ao nascerem, receberam uma visita de Deus, onde ele dizia que um dia em que todos os escritores vivos e mortos iriam se reunir em um grande salão para uma grande festa no quadragésimo milhonésimo sétimo aniversário da arte escrita entre as dimensões existentes. Então, após esperarem um longo tempo por esse dia, ele finalmente chegou. Os fatos se dão da seguinte maneira:

Primeiro chegou o pessoal da vanguarda arcadista num único ônibus. Não trouxeram Bocage, porque diziam que ele era traidor. Ele chegou mais tarde, a pé junto com Jaimes Joyce. Os dois entraram, viram um copo encima de uma mesa e não falaram com mais ninguém, começaram a escrever um romance sobre o copo, entitulado "o épico do copo encima da mesa" que foi um total fracasso.

Paulo Leminski entrou de chinelos com um violão. Começou a tocar músicas tristes, recitando suas poesisas no meio. Paulo Coelho achou o máximo e foi fazer amizade com ele, mas foi enxotado. Na verdade ninguém queria falar com Paulo Coelho, todos enxotaram ele, que foi para um canto fazer absolutamente nada. Não ficou muito tempo na festa, foi para o inferno conversar com a única pessoa que o agüenta: Raul Seixas.

Quintana nem foi, ficou em casa comendo pastel, tomando cafezinho e se divertindo com fotos da Bruna Lombardi. Luis Fernando Veríssimo resolveu ir, mas não falou nem com o próprio pai, ficou sentado num canto tomando gim e tocando um saxofone imaginário. Tolkien sentou do seu lado, porque também não queria companhia. Ficou soltando anéis de fumaça com seu cachimbo. Nisso Luis disse:

- Tá e aí, cara? Vai ficar me intoxicando?

Bukowski ficou bebendo, ouvindo Kerouac dizer para todo mundo que era mais beatnik do que ele. Tomou um porre e partiu para a briga com Kerouac. Deu uma surra nele e foi jogar damas com Rimbaud, que ficou chorando as pitangas, dizendo que pegou sua mulher na cama com Rochester. Mais tarde, quando Nietzsche chegou, Henry Miller estava tão bêbado que deu um pulo da cadeira e ficou berrando porque Stálin estava ali.

Vinícius de Moraes chegou com uma suposta garota de ipanema que só sabia falar albanês. Nisso camões gritou da mesa onde estava:

- Essa eu já peguei!

Chico Buarque chegou atrasado porque estava subindo a construção como se fosse mágica, correndo na contramão atrapalhanto o trânsito e... bem, o resto vocês já sabem. Chegou junto com Jorge Amado, que também foi embora bem cedo, pois ninguém queria saber dele falando super bem da Bahía.

Homero chegou numa toga, viu Joyce e Bocage escrevendo um romance sobre o copo e resolveu escrever uma narrativa épica sobre o mesmo, o que também foi um fracasso. Martha Medeiros viu que só tinha homens naquele lugar, tentou ligar para Clarice Lispector mas caiu na caixa postal. Então foi pra casa escrever uma crônica reclamando das reuniões no estilo "Clube do Bolinha". Encontrou David Coimbra no caminho, e aproveitou para tirar um sarro dele, dizendo que era uma revelação maior do que ele.

Gregório de Matos chegou afim de um duelo poético, mas nenhum poeta ali presente estava afim. Na verdade a maiora olhou para a cara dele disse que ele não tinha a menor pinta de poeta. Com isso Gregório ficou super triste e escreveu uma poesia sobre tristeza colocando divisão celular e cálculos de logarítmos no meio.

Gil Vicente chegou atrasadíssimo, todo mundo já estava indo embora. Estavam ficando cansados do Sermão do Padre Anchieta...

Só sei a história até aí, porque tive que vir para casa escrever esta crônica...

Um comentário:

Anônimo disse...

um viva ao ensimo medio!

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